Construir um documentário: a "reinvenção" do lugar e meio para repensar a prática educativa!

No encontro presencial com a turma de Licenciatura em Geografia, em Pacajá, no âmbito do Projeto TIC-PARFOR: Espaço e Cotidiano em Pacajá (PA) - Representações da Vida à Beira da Faixa, vinculado à disciplina "Metodologia do Ensino de Geografia", foi apresentado parte do documentário em construção para análise crítica e intervenção dos professores envolvidos no processo.
Os professores, ao entrarem em contato com os vídeos fizeram contribuições importantes que devem ser incorporadas ao processo de edição, pela sensibilidade, olhar acurado sobre a história e sobre o seu espaço representado no vídeo:
O contraponto no semblante e na postura de vida de dois moradores de vicinais da Transamazônica, de um lado, Almerindo (Vicinal do Portel), de outro Francisco (Vicinal Ladeira da velha), aparentemente unidos na condição de nordestinos que, desterritorializados, buscaram novos enraizamentos à beira da estrada, representam suas vidas diametralmente opostas. Para um, viver na vicinal é um encontro consigo e sua alegria comovente, para o outro, o fracasso e a pobreza cobram um preço alto demais na velhice.
Almerindo, vicinal do Portel - "Eu sou um gênio porque nasci sabendo das coisas".
Francisco, Ladeira da Velha - "A Transamazônica é boa, foi eu que caí no fracasso!"


Além disso, dois vídeos tiveram especial atenção por explicitarem questões concretas de conflitualidade no contexto onde o projeto está sendo desenvolvido: a) o papel do professor em escolas multisseriadas, o que levou a diversos relatos de experiências similares a apresentada no documentário em construção; b) conflitos pela posse da terra em espaços onde o enfrentamento violento gera uma (des)ordem espacial que, muitas vezes, é silenciada no âmbito da geografia ensinada pelos professores, como no caso da Vicinal do Cururuí, mas que encontra modos se fazer presente como debate incontornável enquanto conteúdo escolar, porque revela o próprio Lugar onde professores e estudantes constroem suas vidas, apesar da opressão flagrante que vivem - o risco de debater, esclarecer e se posicionar diante da realidade põe a própria vida em risco!

Apresentação de trechos do documentário em desenvolvimento para crítica, debate e proposição da turma.

Construção textual a partir dos vídeos - sugestões e ideias debatidas, fundamentais para edição do documentário.

Os depoimentos e a captação de imagens que compõe o documentário foram realizados entre os dias 28 de Abril à 02 de Maio de 2013, mas o projeto já está em funcionamento desde o final de 2012, com o levantamente prévio de dados, valorização da pesquisa como princípio educativo junto às turmas de Geografia e desenvolvimento do estágio dos estudantes Dieyson da Conceição, Asmavette Demetrio e Marcélia Araújo, além do estudante Alex Cruz que se voluntariou a participar do levantamento dos depoimentos. A equipe de filmagem foi composta por Wallace Pantoja (coordenador do projeto e diretor do documentário), Mateus Moura (assistente de direção e editor), Cleison da Conceição (Cinegrafista e editor), Rubenilson "Guto" Setubal (operador de som) e Jefferson Corrêa (iluminador).
Nosso documentário não tem a pretensão de ser a "representação verdadeira" do contexto sócio-espacial significativo para os professores que contribuem com o projeto, mas pretende expor pontos de vista que, normalmente, não aparecem nos conteúdos oficiais sobre a Transamazônica: a visão dos que vivem este Lugar como seu! Se com isto suscitarmos o debate e a reflexão sobre este espaço, despertando interesse, dúvida e novas pesquisas para os que entrarem em contato com as "representações" veiculadas no documentário, coletivamente construído, já teremos atingido nossos objetivos.



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