Erguendo a Escola com as Próprias Mãos




Reunião de pais e responsáveis anual. Foto: Prof. Ângela
O cotidiano das vicinais é um desafio para o fazer educativo dos professores do campo em classes multisseriadas. Apesar de todas as dificuldades - e para além delas - há uma vontade de produzir, de criar, de instituir a educação como meta e valor. As fragilidades e demandas são enormes, a começar pela formação dos professores, um dos obstáculos que precisamos enfrentar para qualificar teórica e metodologicamente os homens e as mulheres que se defrontam com a realidade crua da Tranzamazônica e, muitas vezes, sem perceberem o valor que possuem enquanto profissionais, trabalham mergulhados em carências.

Prof. Ângela e seus estudantes na escola erguida pela comunidade.
Estudantes do Cururuí em classe multisseriada. Foto: Prof. Ângela
Merenda produzida na cozinha da escola com auxílio das mães.
 Dona Ângela, exemplo de educadora que, junto à comunidade e seus estudantes, revela uma vontade persistente e esperançosa de fazer da escola um espaço de construção de futuros possíveis, seu trabalho é uma amostra de como podemos ser agentes de nossa própria história. A escola, erguida por ela, por pais e os próprios estudantes é um lugar de reunião e partilha, de encontro e (re)conhecimento, na vicinal do Cururuí, deixando claro que não é a distância dos centros ou a ausência do poder público que vai impedir jovens e crianças de exercerem seu direito mais básico - a educação!
É, em grande medida, esta a razão de ser deste projeto, nas palavras da própria professora Ângela: "Não sabia que ser geógrafa [ela está na graduação em Geografia pelo PARFOR-IFPA] era tão importante, posso não ser só professora, mas também repórter e investigar as coisas do meu lugar [falando sobre a possibilidade do nosso documentário como motivação para a pesquisa].
Saber-se educadora é também saber-se pesquisadora de seu tempo e de seu espaço, através dessa unidade: educação e pesquisa, é possível conquistar transformações realistas para o próprio lugar, tendo a escola como ponto de partida e ambiente de reflexão e formação.
Nesse sentido, professores como Dona Ângela e tantos outros deixam clara sua mensagem: não estão atrás de pena, migalhas ou privilégios, estão atrás de direitos efetivamente garantidos, mas não realizados de fato no seu lugar e em tantos outros que encontramos cortados pela Transamazônica - é um grito de vozes que não podemos deixar silenciar.

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